sábado, 6 de fevereiro de 2010

Os Olhos do Poeta



OS OLHOS DO POETA

O poeta tem olhos de água para refletirem todas as cores do mundo, e as formas e as proporções exatas, mesmo das coisas que os sábios desconhecem. Em seu olhar estão as distâncias sem mistério que há entre as estrelas, e estão as estrelas luzindo na penumbra dos bairros da miséria, com as silhuetas escuras dos meninos vadios esguedelhados ao vento. Em seu olhar estão as neves eternas dos Himalaia vencidos e as rugas maceradas das mães que perderam os filhos na luta entre as Pátrias e o movimento ululante das cidades marítimas onde se falam todas as línguas da Terra e o gesto desolado dos homens que voltam ao lar com as mãos vazias e calejadas e a luz do deserto incandescente e trêmula, e os gestos dos pólos, brancos, brancos, é a sombra das pálpebras sobre o rosto das noivas que não noivaram e os tesouros dos oceanos desvendados maravilhando com contos-de-fada a hora da infância e os trapos negros das mulheres dos pescadores esvoaçando como bandeiras aflitas e correndo pela costa de mãos jogadas pro mar amaldiçoando a tempestade: - todas as cores, todas as formas do mundo se agitam e gritam nos olhos do poeta. Do seu olhar, que é um farol erguido no alto de um promontório, sai uma estrela voando nas trevas tocando de esperança o coração dos homens de todas as latitudes. E os dias claros, inundados de vida, perdem o brilho nos olhos do poeta que escreve poemas de revolta com tinta de sol na noite de angústia que pesa no mundo.

(Desconheço a Autoria)

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